O Brasil tem enfrentado alguns desafios econômicos no que diz respeito à inflação, fenômeno caracterizado pelo crescimento contínuo nos valores de bens e serviços.
Nesse contexto, um alimento que tem chamado atenção entre os consumidores é o azeite. Isso ocorre porque o país é o quarto maior mercado consumidor deste óleo vegetal, que sempre foi comum nos lares brasileiros.
Por isso, o azeite que costumava ser um item indispensável na lista de compras de muitos brasileiros tem sido cortado ou substituído devido ao aumento do preço.
De acordo com dados da Fundação Getúlio Vargas (FGV), o valor do azeite subiu quase 20% se considerarmos o período entre setembro de 2022 e setembro de 2023.
O aumento é quatro vezes maior do que a inflação observada no mesmo período, segundo o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA).
Mas, afinal, o que fez o preço do azeite subir? Entenda os fatores que contribuíram a seguir.
Preço do azeite em 2024
De acordo com um estudo realizado pela Horus Inteligência de Mercado, que analisou um total de 500 milhões de notas fiscais por mês em super e hipermercados brasileiros, o preço médio de uma embalagem de 500 ml de azeite extra virgem era de R$ 39,90 em fevereiro de 2024.
No mesmo mês em 2023, o preço médio ficou em R$ 26,93. Dessa forma, houve um aumento de 48,3% no preço deste tamanho de azeite no período de um ano.
Por que o azeite está tão caro?
A partir dos dados, fica evidente que o preço do azeite tem apresentado um crescimento gradual e a tendência é que continue a subir.
Entre as possíveis causas para o aumento, está a questão climática. Durante o período de 2022 e 2023, a Europa passou por uma crise histórica na colheita das azeitonas, impulsionada pela seca causada pelo El Niño.
O fenômeno natural é caracterizado pelo aquecimento excessivo das águas do Oceano Pacífico, o que causa alterações climáticas que podem afetar determinadas atividades da nossa sociedade, como a colheita, por exemplo, das azeitonas.
Fabrício Feitosa Leite, economista graduado pela Universidade Federal de Uberlândia, explica que o aquecimento global interfere no desenvolvimento da oliveira.
“A árvore responsável pela produção das azeitonas é a oliveira e ela necessita de temperaturas que variam de 8 a 10 graus celsius. A maioria da produção mundial de azeite está concentrada na Europa, aproximadamente 75%. O problema começa em 2022, quando a Europa atravessou ondas de calor e seca extremos para a região, isso resultou numa queda de aproximadamente 26% da produção da safra de azeitona em comparação com o padrão histórico”, explicou o economista.
De acordo com informações do Conselho Internacional de Azeite, esperava-se que fossem produzidas 3,3 milhões de toneladas. No entanto, o resultado foi de 2,7 milhões de toneladas durante a temporada.
A crise afetou o comércio global. O Brasil, por exemplo, é um dos principais importadores da matéria prima e produz cerca de 750 mil litros de azeite por ano.
Dessa forma, o Brasil, que tinha comprado 100 mil toneladas de matéria prima em 2022, adquiriu 80 mil em 2023.
A partir disso, observamos um problema econômico de desequilíbrio entre oferta e demanda, já que a demanda global pela matéria prima continuou alta, mas não foram produzidas toneladas suficientes para atender a demanda.
Se há muita demanda e pouca oferta, a dinâmica mercadológica é vender por um preço mais alto. Conforme explica Leite:
“Com menos garrafas disponíveis no mercado, o azeite fica mais caro. É a lei da oferta e da demanda entrando em ação.”